Onde é que eu errei? Eu sei que cometi algum erro muito
grande. Não há outra explicação para eu não ter o direito de adormecer com o
teu abraço, como adormeceste com o meu. E pior: como adormeceste com o meu, logo
depois de te acalmares e jogares fora todas as palavras que pronunciei para te
fazer secar as lágrimas que não conseguias controlar.
Onde é que eu errei? Em que parte das nossas vidas eu cometi
tamanho erro para não poder receber conforto, também. Para ter de passar a noite
em branco, na companhia do turbilhão de pensamentos horríveis e do som da tua
respiração profunda – dormiste bem, eu percebi.
Onde é que eu errei? Senão eu merecia também que me
encostasses ao teu peito, me beijasses a testa, limpasses as lágrimas que caíram
– elas caíram, caíram fortes e inseguras, mas tu estavas a dormir – e dissesses
o quanto me amas. Eu merecia isto, eu sei que sim!
Eu merecia também poder desabar e deixar-me chorar até
sentir a alma limpa e leve, até me doer a cabeça, mas saber que não me pesa
mais a consciência. Merecia ter um momento assim e saber que tenho,
incondicionalmente, o teu apoio e conforto. Por que é que não vieste? Como
pudeste falhar, se disseste que vais estar sempre aqui para mim?
E eu desculpo-te. Desculpo-te sempre; e tudo! Eu vou acabar
por trancar-me no quarto e chorar sozinha, reerguer-me sozinha e sair a sorrir.
Porque é isso que nós fazemos – nós, mulheres fortes e independentes – e se eu
tiver de chorar todos os dias, hei de chorar todos os dias, mas se tu não sabes
secar-me as lágrimas, jamais deixarei que vejas o mais fraco em mim. E quem não
sabe aceitar o pior de alguém, não merece o melhor.
- vk.
"E quem não sabe aceitar o pior de alguém, não merece o melhor." É isto mesmo, está tudo dito!
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